sábado, 23 de julho de 2011

A GATA E OS BARCOS


Posted by Picasa fotos: elaine borges

A gatinha me olha e sempre penso: "o que passa naquela cabeça peluda, com largos fios junto ao nariz?"Os bichinhos de quatro patas tem variadas expressões e quem convive com eles consegue entendê-los. Mas gato tem seus mistérios. Quando a Bibi me olha eu também fico horas olhando-a. Ficamos em silêncio e concluo o que quem convive com gatos bem sabe: gatos são um eterno mistério.
...e enquanto neste sábado triste pela morte da Amy Winehouse eu tentava manter um "diálogo" com a minha amiguinha de quatro patas, lá ao longe barcos com belas velas coloridas deslizavam nas calmas águas da lagoa.

A BREVE VIDA DE AMY WINEHOUSE

Lembro da alegria que senti ao ouvir pela primeira vez aquela voz meio rouca, belíssima, com um ritmo ainda mais contagiante. A música era Rehab e a cantora era Amy Winehouse. Fui pesquisar e desde aquela época (2008) o CD Back to Black está na minha lista dos favoritos e não canso de ouvir. Na época, lembro ter comentado minha “descoberta” neste blog. Hoje veio a triste notícia: Amy Winehouse morreu. Tinha 27 anos e se junta à lista dos cantores de música pop que – parece sina - morreram precocemente com a mesma idade: Janis Joplin, Hendrix, Morrison...

A vida turbulenta de Amy fazia prever que a cantora caminhava para um fim trágico. Mas ninguém esperava que sua vida seria tão breve e que sua morte estava tão próxima.

É triste constatar que vai-se uma grande cantora. Uma das melhores deste século.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA

Trapiche da Lagoa...
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Folhas de inverno...
Homem sob a ponte... - (fotos: elaine borges)

Domingo, na Lagoa da Conceição, vi cenas várias: os barcos no trapiche, folhas amarelecidas indicando que estamos no inverno, um homem na sua prancha de surfista remando sob a ponte... Cenas de um cotidiano de um lugar ainda encantador cá da Ilha.

domingo, 3 de julho de 2011

CHUVA, FRIO E UM BOM LIVRO

foto: elaine borges

...Fica-se velho imperceptívelmente. Seus joelhos começam a doer perceptívelmente. Não melhoram. De vez em quando pioram, e depois melhoram, mas nunca voltam ao que eram antes. Você começa a aceitar que tem joelhos ruins. Acomoda seu andar para compensar e aliviar, mas, ao fazê-lo, se prepara para o quadro de dor na lombar. Essas coisas eram complicadas e às vezes impossíveis de curar. E agora um dos sintomas do envelhecimento, talvez não o pior, mas decerto o mais visível, estava sendo tratado, com um método indolor e rápido. De um jeito bem simples. Só era preciso dinheiro e um tempinho. Além disso, bastava se sentar debaixo de um daqueles secadores marcianos e esperar, perguntando-se se você não devia ter escolhido um tom mais claro ou mais escuro. Ou dado uma cortada.

O trecho acima é do livro Jeff em Veneza, morte em Varanasi, do inglês Geoff Dyer, (Ed.Intrinsica) que citei no post abaixo mas escrevi errado (é Jeff e não Jeffrey).

Numa tarde de domingo fria a chuvosa, nada melhor do que se amontoar nas cobertas e ler um bom livro. Vai a sugestão. Geoff Dyer é considerado “provavelmente o melhor escritor britânico vivo”, segundo o Daily Telegraph.

E, terminada a leitura, começo a ler um outro, Erec e Enide, do espanhol Manuel Vázquez Montalbán. E já estou gostando. Comentarei mais tarde.

sábado, 2 de julho de 2011

IMAGENS, MEMÓRIA, TEMPO...


fotos: elaine borges

Um filme, um livro, pingos na janela, homens no barco, um casal de passarinhos nos fios do poste, um abraço apertado num amigo que há muito não via, outro na amiga que, sentada num barzinho na Lagoa, trocava comigo rápidas impressões sobre o frio, o inverno, o ventinho gelado no rosto...Sensações que ambas curtimos . Cá dentro a Baby enroscada na poltrona e eu pensando, escrevendo, me perdendo nesse mundo invisível que preenche minha memória e me leva, me leva, vai para o passado, volta, retorna, se perde... Há a dor no corpo, a dificuldade de mexer as pernas, a constatação de que o vigor físico jamais será recuperado. Há a atenção redobrada no simples ato de comer, almoçar, beber ("tem muito sal? qual o teor alcóolico do vinho? então vou tomar água, e sem gaz, por favor"). Sentar num bar para um cafezinho, saborear uma trufa, um brigadeiro, ainda é um bom programa. Mas há também um problema: as incomodas cadeiras, sem conforto, duras. Daí inventei uma outra dor, a "dor de bar". Basta ficar um tempo razoável sentada e ao levantar, uff, lá está ela, instalada nas minhas costas.

E tem a operação ir ao cinema. Primeiro, é necessário saber em qual sala está passando o filme escolhido. Se for a sala 1 do Iguatemi, tudo bem: tem corrimão e posso me segurar e ir até a poltrona. Caso contrário, só me resta torcer que o filme escolhido tenha cópia em DVD. Como as opções de bons filmes estão escassas cá na Ilha, não tenho enfrentado tanto esse problema. Li recentemente uma frase no livro "Jefrey em Veneza, Morte em Varanesi" que um dos sinais de que a velhice estava chegando foi perceber que seus joelhos doiam muito já ao levantar. No meu caso, a dor já se instalou e em meu corpo permanece durante 24 horas. Sei que tenho um agravante: obrigada a tomar imunossupressor e cortisona há mais de 20 anos (tenho um rinsinho implantado na minha barriga e graças a ele sobrevivo) mesmo querendo me fortalecer pra enfrentar as "dores nos quartos" não conseguiria.

Mas ainda tenho a memória. Lembro, recordo, reflito...Minha memória pouco me trai. Há, sim, o cansaço mental. Claro, não me exijam lembrar do tal ator de determinado filme, ou determinada cena de que filme mesmo? E também não me exijam passar uma tarde inteira conversando. Nem permanecer no meio de muita gente. Aquela algaravia, as vozes, a mistura de sons, me cansa. Mais de cinco pessoas ao meu redor já é comício. Há bem pouco tempo, não era assim, é verdade. Se antes achava que o barco da última viagem ainda estava na outra margem, aos poucos percebo que ele já percorreu boa parte do rio.

E no tempo que me resta, vou continuar olhando para os passarinhos, vendo os pescadores arrumando suas redes, o movimento das nuvens no céu, e, se possível, tentando eternizar esses momentos através da minha câmera na triste ilusão que, fixando a imagem, eternizarei a vida.