sábado, 31 de dezembro de 2011

CHOVE EM FLORIANÓPOLIS

Lagoa da Conceição (foto: elaine borges)

O último dia do ano foi muito chuvoso cá na Ilha. Na Lagoa da Conceição, o dia foi tranquilo, com escasso movimento ao longo da Avenida das Rendeiras e na rodovia que liga às praias Mole, Barra e Joaquina. E a previsão é de que o domingo também será chuvoso, com uma temperatura agradável - entre 19 e 23 graus.
    

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

RIBEIRÃO DA ILHA: BELEZA E SILÊNCIO





 Ribeirão da Ilha - fotos: elaine borges

Tarde de quarta-feira. Enquanto no lado norte e leste da Ilha de Santa Catarina, o movimento nas rodovias era intenso,com turistas lotando as praias, cá neste canto - o Ribeirão da Ilha - o silêncio reinava. E tambem a beleza de um lugar que ainda conserva as coloridas casinhas e moradores nativos sempre gentis para quem todos que ali chegam são "queridos", "minha linda"...
RECEITA DE ANO NOVO

Carlos Drummond de Andrade

Para voce ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para voce ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser:
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
voce não precisa beber champanhe ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
voce, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de voce que o AnoNovo
cochila e espera desde sempre.

Um bom Ano Novo aos queridos amigos e, como escreveu o eterno poeta, façam por merecê-lo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A PRIMAVERA

fotos: elaine borges
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata,
essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar suas vida
para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das
raízes, e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios
de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação.
Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares - e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primavera distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera a que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, - e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora os entendeu e amou.
Enquanto há primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, - por fidelidades à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida - e efêmera.
Cecília Meireles - Obra em Prosa - volume I (Editora Nova Fronteira - 1998).

sábado, 17 de setembro de 2011

REFLEXÕES

Posted by Picasafoto:elaine borges.
Reflexões sobre o sentido da vida, os acontecimentos que nos fazem mudar, as coisas simples que nos trazem tanta alegria, como ver essa imagem aí de cima, flutuando sobre a lagoa, e não resistir em dar um clic e - pronto - lá está ela, eternizada no meu arquivo de imagens (tantas da bela Ilha que já perdi a conta).
Pensa-se sobre um momento que passou, foi captado e...acabou. Esse momento fugaz foi-se. Virão outros.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O SOL - FINALMENTE -VOLTOU

Posted by Picasafoto: elaine borges

O final da tarde de hoje foi assim cá em Florianópolis: belíssimo! As chuvas - parece- estão indo embora. Há ainda muita gente desabrigada no Vale do Itajaí. As intensas chuvas causaram enormes prejuízos. Há inúmeras famílias desabrigadas, mas - felizmente - são poucas as vítimas fatais (duas até o momento). Agora é rezar para que os bons ventos soprem em Santa Catarina.

domingo, 4 de setembro de 2011

OS MENINOS, A LOLA, AS ORQUÍDEAS



Posted by Picasafotos: elaine borges
Os meninos jogando na beira da lagoa, a Lola apreciando a paisagem, os "olhos-de-boneca", como são conhecidas essas orquídeas (dendrobium hybrid)... Pequenos momentos nessa ensolarada tarde de domingo cá na bela Ilha de Santa Catarina.



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

...E O SOL VOLTOU!




Fotos: elaine borges

E o sol voltou! O céu que vejo daqui, na Lagoa da Conceição, está azul, azul. Belíssimo dia. E a minha amiguinha de quatro patas ficou horas tomando banho, do jeito dela, na sacada. Ela também não aguentva mais tanda chuva.

sábado, 23 de julho de 2011

A GATA E OS BARCOS


Posted by Picasa fotos: elaine borges

A gatinha me olha e sempre penso: "o que passa naquela cabeça peluda, com largos fios junto ao nariz?"Os bichinhos de quatro patas tem variadas expressões e quem convive com eles consegue entendê-los. Mas gato tem seus mistérios. Quando a Bibi me olha eu também fico horas olhando-a. Ficamos em silêncio e concluo o que quem convive com gatos bem sabe: gatos são um eterno mistério.
...e enquanto neste sábado triste pela morte da Amy Winehouse eu tentava manter um "diálogo" com a minha amiguinha de quatro patas, lá ao longe barcos com belas velas coloridas deslizavam nas calmas águas da lagoa.

A BREVE VIDA DE AMY WINEHOUSE

Lembro da alegria que senti ao ouvir pela primeira vez aquela voz meio rouca, belíssima, com um ritmo ainda mais contagiante. A música era Rehab e a cantora era Amy Winehouse. Fui pesquisar e desde aquela época (2008) o CD Back to Black está na minha lista dos favoritos e não canso de ouvir. Na época, lembro ter comentado minha “descoberta” neste blog. Hoje veio a triste notícia: Amy Winehouse morreu. Tinha 27 anos e se junta à lista dos cantores de música pop que – parece sina - morreram precocemente com a mesma idade: Janis Joplin, Hendrix, Morrison...

A vida turbulenta de Amy fazia prever que a cantora caminhava para um fim trágico. Mas ninguém esperava que sua vida seria tão breve e que sua morte estava tão próxima.

É triste constatar que vai-se uma grande cantora. Uma das melhores deste século.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA

Trapiche da Lagoa...
.
Folhas de inverno...
Homem sob a ponte... - (fotos: elaine borges)

Domingo, na Lagoa da Conceição, vi cenas várias: os barcos no trapiche, folhas amarelecidas indicando que estamos no inverno, um homem na sua prancha de surfista remando sob a ponte... Cenas de um cotidiano de um lugar ainda encantador cá da Ilha.

domingo, 3 de julho de 2011

CHUVA, FRIO E UM BOM LIVRO

foto: elaine borges

...Fica-se velho imperceptívelmente. Seus joelhos começam a doer perceptívelmente. Não melhoram. De vez em quando pioram, e depois melhoram, mas nunca voltam ao que eram antes. Você começa a aceitar que tem joelhos ruins. Acomoda seu andar para compensar e aliviar, mas, ao fazê-lo, se prepara para o quadro de dor na lombar. Essas coisas eram complicadas e às vezes impossíveis de curar. E agora um dos sintomas do envelhecimento, talvez não o pior, mas decerto o mais visível, estava sendo tratado, com um método indolor e rápido. De um jeito bem simples. Só era preciso dinheiro e um tempinho. Além disso, bastava se sentar debaixo de um daqueles secadores marcianos e esperar, perguntando-se se você não devia ter escolhido um tom mais claro ou mais escuro. Ou dado uma cortada.

O trecho acima é do livro Jeff em Veneza, morte em Varanasi, do inglês Geoff Dyer, (Ed.Intrinsica) que citei no post abaixo mas escrevi errado (é Jeff e não Jeffrey).

Numa tarde de domingo fria a chuvosa, nada melhor do que se amontoar nas cobertas e ler um bom livro. Vai a sugestão. Geoff Dyer é considerado “provavelmente o melhor escritor britânico vivo”, segundo o Daily Telegraph.

E, terminada a leitura, começo a ler um outro, Erec e Enide, do espanhol Manuel Vázquez Montalbán. E já estou gostando. Comentarei mais tarde.

sábado, 2 de julho de 2011

IMAGENS, MEMÓRIA, TEMPO...


fotos: elaine borges

Um filme, um livro, pingos na janela, homens no barco, um casal de passarinhos nos fios do poste, um abraço apertado num amigo que há muito não via, outro na amiga que, sentada num barzinho na Lagoa, trocava comigo rápidas impressões sobre o frio, o inverno, o ventinho gelado no rosto...Sensações que ambas curtimos . Cá dentro a Baby enroscada na poltrona e eu pensando, escrevendo, me perdendo nesse mundo invisível que preenche minha memória e me leva, me leva, vai para o passado, volta, retorna, se perde... Há a dor no corpo, a dificuldade de mexer as pernas, a constatação de que o vigor físico jamais será recuperado. Há a atenção redobrada no simples ato de comer, almoçar, beber ("tem muito sal? qual o teor alcóolico do vinho? então vou tomar água, e sem gaz, por favor"). Sentar num bar para um cafezinho, saborear uma trufa, um brigadeiro, ainda é um bom programa. Mas há também um problema: as incomodas cadeiras, sem conforto, duras. Daí inventei uma outra dor, a "dor de bar". Basta ficar um tempo razoável sentada e ao levantar, uff, lá está ela, instalada nas minhas costas.

E tem a operação ir ao cinema. Primeiro, é necessário saber em qual sala está passando o filme escolhido. Se for a sala 1 do Iguatemi, tudo bem: tem corrimão e posso me segurar e ir até a poltrona. Caso contrário, só me resta torcer que o filme escolhido tenha cópia em DVD. Como as opções de bons filmes estão escassas cá na Ilha, não tenho enfrentado tanto esse problema. Li recentemente uma frase no livro "Jefrey em Veneza, Morte em Varanesi" que um dos sinais de que a velhice estava chegando foi perceber que seus joelhos doiam muito já ao levantar. No meu caso, a dor já se instalou e em meu corpo permanece durante 24 horas. Sei que tenho um agravante: obrigada a tomar imunossupressor e cortisona há mais de 20 anos (tenho um rinsinho implantado na minha barriga e graças a ele sobrevivo) mesmo querendo me fortalecer pra enfrentar as "dores nos quartos" não conseguiria.

Mas ainda tenho a memória. Lembro, recordo, reflito...Minha memória pouco me trai. Há, sim, o cansaço mental. Claro, não me exijam lembrar do tal ator de determinado filme, ou determinada cena de que filme mesmo? E também não me exijam passar uma tarde inteira conversando. Nem permanecer no meio de muita gente. Aquela algaravia, as vozes, a mistura de sons, me cansa. Mais de cinco pessoas ao meu redor já é comício. Há bem pouco tempo, não era assim, é verdade. Se antes achava que o barco da última viagem ainda estava na outra margem, aos poucos percebo que ele já percorreu boa parte do rio.

E no tempo que me resta, vou continuar olhando para os passarinhos, vendo os pescadores arrumando suas redes, o movimento das nuvens no céu, e, se possível, tentando eternizar esses momentos através da minha câmera na triste ilusão que, fixando a imagem, eternizarei a vida.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PASSARINHOS NO IPÊ


Passarinhos - fotos: elaine borges

Da sacada, vejo o Ipê. E lá estavam, em seus galhos, um bando de passarinhos. Daí lembrei do Manoel de Barros...

DE PASSARINHOS

O frio se encolheu nos passarinhos. Ó noite congelada de jacintos! Eu estou transida de pétalas.

Para compor um tratado sobre passarinhos

É preciso por primeiro que haja um rio com árvores

e palmeiras nas margens.

E dentro dos quintais das casas que haja pelo menos goiabeiras.

E que haja por perto brejos e iguarias de brejos.

É preciso que haja insetos para os passarinhos.

Insetos de pau sobretudo que são os mais palatáveis.

A presença de libélulas seria uma boa.

O azul é muito importante na vida dos passarinhos.

Porque os passarinhos antes de belos ser eternos.

Eternos que nem ma fuga de Bach.

.............

Manoel de Barros

domingo, 12 de junho de 2011

A "ROMARIA" DA BANDEIRA DO DIVINO


Bandeira do Divino - fotos: elaine borges

Batidas cadenciadas de um tambor anunciavam que a bandeira do Divino Espírito Santo percorria as casas e indicavam que uma das mais importantes festas oriundas dos Açores mais uma vez seria realizada na Lagoa da Conceição, mantendo uma tradição de mais de 200 anos.Um menino batia o tambor e dois senhores, trajando suas "opas" vermelhas e uma senhora levavam a Bandeira do Divino, tendo na ponta a imagem da pomba simbolizando o Espírito Santo. O cortejo desviava dos carros e solenemente entrava nas casas, onde era recebido com toda a reverência pelos moradores. Na Avenida das Rendeiras, o intenso movimento não impediu que o grupo fosse recebido por alguns proprietários de mercadinhos e de restaurantes.

Originária de Portugal, a festa remonta ao século XIV quando a terceira pessoa da Santíssima Trindade era recebida com festas coletivas designada de Bodo Aos Pobres, aos quais eram distribuídas esmolas. Pela tradição, as festas acontecem cincoenta dias após a Páscoa, no Pentecostes, "quando o Espírito Santo desceu do céu sobre os apóstolos de Cristo sob a forma de línguas de fogo", segundo o Novo Testamento.(*)
A modesta "romaria" realizada neste domingo na Lagoa da Conceição antecede a Festa do Divino que acontecerá no dia 18. A "romaria˜, segundo a tradição, tem a finalidade de recolher "óbulos, esmolas e espórtulas"para auxiliar nas despesas da festa que também ocorre em várias comunidades de Santa Catarina de origem açoriana.

(*) Pesquisas no Wikipédia.


terça-feira, 31 de maio de 2011

AS TAINHAS ESTÃO CHEGANDO




Pescadores puxando a rede - foto: elaine borges (arquivo)

As tainhas estão chegando. Até hoje foram recolhidas 18 toneladas nas redes nas praias de Florianópolis.
A safra promete. A meta dos pescadores é recolher mil toneladas nesta temporada que vai até 30 de julho.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

QUE FRIO!


Ponte Hercílio Luz - foto:elaine borges

Amanhecer, frio intenso hoje na bela Ilha de Santa Catarina.

FOI BONITA A FESTA


O Reencontro - (reprodução da estampa da camiseta)


Foram tanta emoções, tantos abraços, conversas, lembranças... Confesso que me emocionei. A emoção veio quando vi, na tela do vídeo preparado pela turma, imagens de alguns amigos que já se foram, especialmente do querido Bonzon. Lá estava ele, sentado na esquina da Praça XV, transferindo para a tela, com seus delicados traços, os prédios, as ruas, as praças da cidade. Durante algumas horas, vi e revi colegas, abracei amigos. Houve momentos que minha memória quase me traiu, mas, em segundos, consegui lembrar os nomes dos que abraçava e fui abraçada. Ao meu lado, a amiga Leonir e o Raul, me ajudavam, mas não houve nenhum "branco" na memória que causasse qualquer constrangimento. Afinal, passaram-se anos, décadas, e muitos dos que lá estavam eu nunca mais tinha visto.

Foi bonita a festa, o reencontro. Lá estavam colegas com muitos anos de experiência. Jornalistas que ajudaram a escrever a história da imprensa de Santa Catarina. E, por alguns momentos, cheguei a sonhar: se a maioria dos jornalistas ali reunidos ocupassem novamente uma redação que belo jornal sairia!

sábado, 28 de maio de 2011

O REENCONTRO DOS DINOSSAUROS DA IMPRENSA DE SC


Minha Hermes Baby - foto: elaine borges

Quando aqui cheguei, trazia como instrumento de trabalho minha pequena Hermes Baby. Uma maquininha cujas teclas macias me ajudavam na busca da palavra mais exata, da frase menos rebuscada, da clareza do texto. Na bagagem, trazia também algumas laudas. Não me preocupei em trazer rolos de fitas. Sabia que aqui encontraria facilmente. Minha maquininha sempre fez parte da minha bagagem. Em um braço carregava a mochila, no outro, a maquininha . Hoje, faltando poucas horas para o grande encontro com antigos e amados colegas, quis rever minha maquininha. Lá estava ela sobre um móvel que supostamente é também antigo mas não passa de uma imitação dos rádios de antanho. Os dois formam um belo conjunto e remetem ao passado.

Quis abrir a tampa da pequena Hermes Baby mas - tristeza - está tão enferrujada que não consegui. Queria, mais uma vez, tentar deslizar meus dedos sobre as teclas. Até o momento que a fechei definitivamente, a tampa ainda abria e eu, às vezes, batia com suavidade nas teclas e, também pra minha alegria, todas as letras estavam ali, o z, x, u, y, t, o... todas alinhadas em seus devidos lugares. Nas redações, às vezes as letras mais teimosas saltavam das potentes Olivettis, o que exigia um certo sacrifício e muitas dores nos dedos para teclar as finas pontas de metal onde antes estavam as letras.

Pensei em também abrir minha caixa de fotos. Mas seria uma busca cansativa. Não sou organizada e levaria muito tempo, ameaçando me atrasar para um importante encontro. E é este o principal motivo que me levou a tentar abrir minha Hermes Baby: hoje, jornalistas que trabalharam no mais antigo, o jornal O Estado, vão se encontrar num jantar. É o encontro dos Dinossauros, jornalistas que como eu, trabalharam no jornal mais antigo de Florianópolis e que, melancolicamente, não mais existe.

Lá encontrarei os queridos colegas Orestes Araujo, Vana Goulart, Ivani Borges, Lourival Bento, Mario Medaglia, Raul Sartori e tanto outros. São muitos, centenas, num momento de muita confraternização, de emoções, lembranças, saudades de um tempo bom, mas com alguns percalços.

Houve, lembro bem, momentos de desconfiança, de gente chegando de fora e "ameaçando" os jornalistas que aqui moravam. Pura bobagem hoje (espero) superadas. A década (setenta)era de repressão, censura, e suscitava questionamentos ("serão eles comunistas?"). Foi também a década que marcou o primeiro movimento grevista dos jornalistas: Airton Kanitz, convidado para determinado cargo não teve a promessa cumprida pela chefia de O Estado. Resultado: os novatos, os "gaúchos" recem chegados, resolveram não trabalhar. Lembro bem, foi num tarde de sábado de 1972. Foi o primeiro "parem as máquinas" dos jornalistas de Santa Catarina.

São fatos que fazem parte da memória da imprensa catarinense. Fatos, como outros, que certamente serão lembrados no jantar dos Dinos.

Assim como quis abrir minha pequenininha Hermes Baby (meu "laptop" da época) sei que meus colegas e amigos também lembraram do passado, foram no baú de memórias. E no reencontro deste sábado lá estarão reunidos àqueles que já fazem parte da história da imprensa de Santa Catarina. Não a história dos donos das máquinas, dos empresários, dos patrões, mas daqueles que ajudaram a preencher laudas (era assim naquela época: laudas, papel, telex, telefoto...) e mais laudas registrando o dia-a-dia de um Estado, de um País e que acabam virando História através das folhas do jornal. Um jornal que hoje não existe, sumiu, assim como seus arquivos, jogados no lixo de um prédio abandonado onde antes era a redação do que já foi o mais importante jornal de Santa Catarina, O Estado.

domingo, 22 de maio de 2011

O RONCO DA BABY

O ronco da Baby (*) - foto: elaine borges


O ron-ron dos gatinhos


Adriana Calcanhotto
Composição : Adriana Calcanhotto/Ferreira Gullar

O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pêlo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.



Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.



É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso ele faz ron-ron
para mostrar gratidão.



No passado se dizia
que esse ron-ron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.



Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ron-ron em seu peito
não é doença - é carinho.

(*) Além do ron ron, minha amiguinha de quatro patas também ronca. Quando ela dorme, do seu peito sai um som muito parecido com o nosso ronco, aquele que, dependendo do volume, chega a tirar nosso sono. Por enquanto, o ronco da Baby ( que, devido ao frio, decidiu dormir comigo - digo "decidiu"porque gato se impõe, toma conta, faz o que quer e a nós, humanos, só resta obedecer) ainda não me perturbou. Ambas estamos curtindo esse friozinho gostoso do outono.

VARIAÇÕES SOBRE O MESMO TEMA


Lagoa da Conceição - fotos: elaine borges
Retiro da Lagoa: barcos, a rede, pescadores...

terça-feira, 17 de maio de 2011

PONTA DO CORAL AMEAÇADA

A Ponta do Coral mais uma vez está ameaçada de ser ocupada por um grande empreendimento. Tema de matéria no DC, ficamos sabendo que há um projeto para construir naquele cobiçado terreno um "Parque Marinas Ponta do Coral, da Hantei Engenharia" que prevê "a construção de um hotel de luxo com lojas e restaurantes, uma marina para 300 barcos e parque com praças, anfiteatro, playground e equipamentos esportivos.


Não bastasse mais esse projeto - cuja população ja,ais foi informada e muito menos consultada - recebo outra informação:nossa Ilha também está sendo "vendida" através de uma propaganda veiculada na BBC. Basta acessar o site abaixo e lá estão figuras conhecidas de Florianópolis (entre eles Guga Kuerten) falando sobre as belezas de nossa Ilha e convidando-os para aqui investirem.


Enquanto nossas belezas são "vendidas" nós, moradores, enfrentamos diariamente um transito caótico, atendimento hospitalar precário, deficiência na educação, transporte coletivo precário, graves problemas nas áreas da saúde, da educação, sem rede de esgoto, praias poluídas... São tantos os problemas!


http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/fast_track/9480739.stm

segunda-feira, 16 de maio de 2011

FRIOZINHO DE OUTONO

foto: elaine borges

Uma grossa nuvem cobriu parte da Lagoa da Conceição no início da noite de hoje: era o friozinho da outono que fez a temperatura chegar a menos de 2o graus. O frio também anuncia bons momentos para os pescadores. É a época dos lanços de tainha e a safra deste ano promete ser uma das melhores dos últimos anos.

sábado, 14 de maio de 2011

CENAS DO COTIDIANO


Lagoa da Conceição - fotos: elaine borges

Gosto de ver cenas como essas das fotos acima: casais contemplando a paisagem, grupos reunidos debaixo das árvores... São cenas comuns nesse outono na Lagoa da Conceição.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

OUTRA PAISAGEM

Bibi - foto: elaine borges
Há alguns meses minha amiguinha de quatro patas está curtindo novas paisagens: trocou provisoriamente o belo visual que tem no centro da Ilha por outro bonito recanto, a Lagoa da Conceição. Da janela onde hoje está morando, vê a lagoa, o morro, a igrejinha, alguns barcos...Observa atenta algumas gaivotas que sobrevoam próximas a sacada onde gosta de ficar; ouve latidos da Lola (a bela collie que habita logo abaixo ) mas não se estressa. A convivência tem sido harmonica (cada uma no seu espaço, na pratica saudável do respeito mútuo). E nesse outono, não se cansa de contemplar o grande espetáculo quase diário oferecido a todos que aqui habitam: o maravilhoso por de sol, com sua variedade de cores e nuances.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

NOVA TRENTO: FÉ E BELEZA




Nova Trento - fotos: elaine borges


Na terça-feira, lá fomos nós novamente agradecer, renovar as forças. O céu azul às vezes era enfeitado por algumas nuvens. Olhando mais ao lado, muito verde, árvores frondosas, flores... No restaurante, próximo à pequena igrejinha, passarinhos voavam entre as mesas em busca de restos de comida. Em Nova Trento, onde se encontra o Santuário da Santa Paulina, sempre é assim: vive-se momentos tranquilos, de muita fé. Lá vamos para agradecer, mas a igrejinha antiga ainda conservada, as montanhas, a cachoeira, as árvores, todo aquele conjunto harmonioso e muito bonito traz a certeza de que lá sempre voltaremos.

CENAS DO COTIDIANO



fotos: elaine borges